Dei à minha morte o nome de Vicente.
Anotei Vicente num cartão
e guardei Vicente no bolso do paletó.
Para cima e para baixo eu ando com Vicente;
Vicente é um silogismo, uma consumição, mas
não chega a ser a dor.
Encontro Vicente quando vou pegar o ônibus,
o lotação, a entrada para o teatro; Vicente
transita de um bolso para outro,
misturou-se com os meus papéis,
o meu passaporte, a minha identidade, o telefone
da Margarida... o diabo.
Vicente anda amarfalhado, apalpado, usado;
dobro e desdobro Vicente.
Um dia
eu perco Vicente
na rua, na praia, no escritório,
e vai e alguém acha Vicente - e pronto, e eu
fico ETERNO.
Um comentário:
"VICENTE" eu ganhei de um amigo, sabe-se lá há quanto tempo... Mas é a minha poesia de estimação. Talvez por ser a poesia que eu gostaria de ter escrito, talvez por achar possível "perdermos o nosso Vicente"...
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